quarta-feira, 12 de maio de 2010

Deuses

Sempre defendi a tese dos 'deuses do futebol'. Pra mim, é como se houvesse um tipo de 'patrulha superior' que controla os resultados e atuações no futebol, evitando assim que as coisas desandem e jogadores virem semi-deuses. Pelé e Maradona já são e esse último mais pelo fanatismo argentino do que pelo futebol que jogou. Foi craque sim, mas menos decisivo, eficiente e genial que Pelé, pelo menos nas imagens de arquivos que pude acompanhar.
Pra mim, por exemplo, foram os 'deuses do futebol' que fizeram Romário perder um gol de dentro da pequena área, sem goleiro, diante da Itália, na final da Copa de 94. Se tivesse feito, Romário sairia dali acima do bem e do mal. Os 'deuses' quiseram uma decisão nos pênaltis, com a glória dividida entre o Baixinho, Taffarel e até o então criticado Dunga (a imagem dele comemorando ao converter o pênalti é emblemática).
Ano passado, no último jogo do Fla no Brasileirão, diante do Grêmio, quiseram os 'deuses' que os gols do sexto título brasileiro viessem das cabeças dos nossos dois zagueiros. Adriano desperdiçou várias chances ao longo da partida. Eu estava no Maracanã e lembro de, ao ver Angelim marcar o gol do título, gritar: "Tinha que ser ele!". Sim, o cara humilde, sofrido, batalhador, criticado, que quase perdeu a perna numa contusão no início da competição. Obra dos 'deuses'.
Tivesse Adriano marcado nessa partida, principalmente num lance quase no final, quando o jogo estava praticamente decidido, acredito que ele teria se tornado um 'semi-deus rubro-negro', ao lado de Júnior e Zico, por exemplo. A decepção com suas atitudes dentro e fora de campo, hoje, seria muito maior. E talvez suas próprias atitudes dentro e fora de campo extrapolassem todos os limites.
É defendendo essa tese de 'deuses do futebol' que acho que Adriano entra hoje em campo pelo Flamengo nas quartas-de-final da Libertadores, diante da Universidade do Chile, pra 'jogar pro gasto'. Não espero uma atuação brilhante, não espero uma chuva de gols. Seu ego não está preparado pra tudo isso. Ele simplesmente não tem estrutura emocional e os tais 'deuses' sabem disso. Pode até marcar um ou dois, mas não vamos ver uma atuação digna de Imperador. Infelizmente, parece que seu destino do Flamengo é, no máximo, dividir os louros da vitória, como fez ano passado com o Pet e como, tomara, fará esse ano com Vágner Love. Sábios 'deuses'.
Pra hoje, Rogério escalou Kléberson como titular e gostei da decisão. Ele vem embalado, feliz com a convocação, e voltou a mostrar bom futebol. Se acertar as finalizações, corre o risco de ir pra Copa consagrado (e perdoado) pela torcida rubro-negra. O risco com Kléberson é o mesmo de sempre: ele tirar o pé nas divididas para não se contundir. Hoje veremos se ele mostra alma rubro-negra ou se joga burocraticamente. Por outro lado, Maldonado, injustamente não convocado pelo técnico chileno, tanto pode apresentar um belo futebol para provar seu valor, quanto pode sentir o baque e refletir isso em campo. Pros dois jogadores, aposto nas primeiras opções.
Daqui menos de duas horas, começa-se a definir um semi-finalista de Libertadores. Provavelmente adversário do mexicano Chivas, que já meteu 3x0 e agora só espera o jogo de volta pra comemorar. Não tem caminho fácil, não tem adversário mole, é Libertadores, é guerra, é luta, é alma, é suor. Não é por nada não, mas é a cara do Flamengo!    

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