quarta-feira, 2 de junho de 2010

Amanhecer

Dizem que a noite é mais escura minutos antes do amanhecer. E a escuridão no Flamengo parecia não ter fim. A derrota para um regular Fluminense expôs a falta que um atacante do nível do Adriano faz para um time em queda, após um início desanimador no Brasileiro. A péssima escalação da equipe mostrou que após alguma esperança, Rogério Lourenço realmente NÃO é o nome certo para comandar o Flamengo em um campeonato de tão alto nível como é o deste ano.
O empate com o Grêmio chegou a empolgar, mas só no primeiro tempo e só enquanto Pet teve gás para nos presentear com um futebol de encher os olhos. Impressionante sua intimidade com a bola, seu talento nato, sua visão de jogo. Juro que jamais imaginaria que um sérvio entendesse tanto de futebol quanto Pet entende. Pra mim, depois de Zico e Júnior, Petkovic é o maior ídolo rubro-negro da história. Colocou seu nome lá depois de decidir uma partida com um gol de falta surreal, no último minuto, e depois de protagonizar o hexa brasileiro, com direito a gols olímpicos e de pênalti 'a la Zidane'.
Mas contra o Grêmio, Pet teve que deixar o campo, e não conseguimos nada além de um empate em pleno Maracanã. Parecia que iríamos nos arrastar no campeonato até a pausa para a Copa do Mundo, torcendo para não levar nenhuma goleada até lá e pedindo aos céus que nos trouxessem uma boa contratação, talvez duas, durante a parada.
Eis que surge Patrícia Amorim, cruel e injustamente criticada com apenas seis meses de mandato, e tira da cartola a surpresa que todos queriam, mas jamais esperavam: Zico está no comando do futebol rubro-negro. A torcida comemorou como título. E não era pra menos. Só mesmo alguém com a idoneidade e a transparência de Zico poderia trazer um alento ao Flamengo nesse momento complicado. Aliás, o momento já deixou de ser complicado e passou a ser otimista. Fala-se em Kléber Gladiador (bom nome), em Émerson (pra mim, compõe bem o elenco), Sóbis (excelente nome), Valdívia (uma feliz incógnita) e Renato Abreu (aprovadíssimo). Fala-se até em Felipão, mas aí seria felicidade demais para o meu coração rubro-negro.
A verdade é que o dia amanheceu para o Flamengo e trouxe consigo um vislumbre do que teremos até, no mínimo, o final de 2012, quando teoricamente acaba o compromisso do Galinho com o clube: investimentos pesados em um CT de alto nível, captação de novos recursos, hierarquias respeitadas, ordem e progresso! Profissionalização, ainda que tardia. Sim, para o rubro-negro é um ato cívico que inicia-se a partir de agora. Espero que  finalmente possamos ter um programa de associados decente, que saiba aproveitar a potência da nossa nação, revertendo-a a favor do nosso clube.
O CT, aliás, é algo urgente: é só observar os jogadores formados na Gávea recentemente: Erick Flores, Camacho, Thiago Sales, Fellype Gabriel (puxando um pouco pela memória)... todos franzinos, com pouca massa muscular. Aí entram no time profissional e não rendem, não decolam, simplesmente porque não conseguem acompanhar o ritmo frenético do futebol atual. Me preocupa, inclusive, essa entrada precipitada do Camacho no time titular, fora de posição, atuando quase como um volante. Não podemos queimar mais nossos meninos assim. Mas o Zico está vendo isso. Agora vai!
Hoje tem Palmeiras x Flamengo no Pacaembu e estou indo lá para assistir. Será minha primeira vez no estádio mais charmoso do futebol paulista. Vou ficar na torcida palmeirense, hoje sou minoria. Mas ainda que o Flamengo não esteja com o time pronto, ainda que Pet não consiga jogar os 90 minutos, ainda que Vágner Love esteja com um azar fora do comum, é o Mengão que entra em campo. E me perdoem os palmeirense, mas o verde hoje é o Fla. Verde-esperança!