sábado, 20 de agosto de 2011

O Manto é sagrado?



O Flamengo entra em campo amanhã diante do Internacional, pela décima oitava rodada do Brasileirão, ostentando cinco marcas em seu uniforme: Olympikus, BMG, Gillette Mach3, Duracell e Tim.
Para a galera que acompanhou o Mengão na virada da década de 70 para 80, um sacrilégio. Para quem conviveu só com as marcas Adidas e Lubrax durante mais de uma década, desaforo.
A verdade é que desde 1995, ano do inesquecível (pro bem ou pro mal) centenário, o rubro-negro vem tendo que se acostumar com intromissões nem sempre benquistas em seu Manto Sagrado.
Pra quem ostentou durante mais de vinte anos o mesmo patrocinador (algo inédito no futebol brasileiro, se não me engano), já foi difícil de aturar as Ales e Batavos da vida.
Imagine agora que, além das cinco marcas já citadas, corremos o risco de conviver com outras três, quatro. É a famosa ‘abadalização’ do Manto, o pecado original para os adoradores das cores vermelha e preta em listras horizontais.
Dizem que é tendência de mercado. Que já não é mais possível alcançar altos valores através de apenas um ou dois patrocinadores. E que, dependendo do design das logomarcas, a camisa nem fica tão feia assim. Quer saber? Deixem essa balela para os corinthianos, que vem prostituindo sua camisa há muito tempo. Aqui é Flamengo!
Algumas coisas na vida não tem preço. A imagem de Zico, Júnior e companhia desfilando no Maraca com aquele manto imaculado faz parte da mística do Mengão e do imaginário de qualquer flamenguista legítimo.
Vendam direitos de TV, vendam espaços publicitários no Ninho, vendam produtos licenciados... vendam a mãe! Mas parem de vender nosso Manto. Ele é Sagrado.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

A culpa do Luxa


Décima quarta rodada do Brasileirão, a cinco jogos do fechamento do primeiro turno: invictos, em segundo lugar, a um ponto do líder, com um jogo a mais. Tem como falar mal de um time assim? Tem, e aqueles que acham que cornetar é um pecado mortal, podem parar de ler por aqui.
Na zaga, temos sofrido: Wellinton é fraco, inexperiente e cheio de marra, David Braz é inseguro, afobado e irresponsável e nosso Angelim, ídolo, já dá vários sinais de cansaço. Sem falar no Jean, que tem entrado no final de algumas partidas. Medo, muito medo.
Até a estréia de Alex Silva, estaremos sujeitos a esse tenebroso revezamento. Sábado, diante do Coritiba, não teremos o Magro de Aço e, pasmem, entraremos em campo com Wellinton e David Braz. Valei-nos, São Judas Tadeu! Aliás, sabe-se lá se Alex Silva é essa bola toda... do jeito que estamos depositando nossas expectativas no Pirulito, se o cara não apresentar atuações dignas de, no mínimo, um Fábio Luciano, vai entrar na vaia. Podem apostar.
Nosso meio é onde estão nossos maiores trunfos. Ok, Aírton joga três partidas e fica uma fora, por causa do excesso de cartões, defeito que cabe ao Luxa corrigir. Mas na contenção, estamos muito bem servidos: além dele, temos Willians, que volta contra o Coxa, o surpreendente Luiz Antonio, e os moleques Muralha (que ontem, diante do Cruzeiro, entrou bem) e Lorran.
Na criação, além de R10 (jamais vou vê-lo como atacante) e TN7, temos Bottinelli, Renato, Vander, Fierro, sem falar no Adryan, por enquanto, somente uma bela promessa. Apesar dos gols, das assistências, da participação incansável e exemplar, Thiago Neves anda devendo. Erra muitos passes, a bola tem queimado no pé. Mas não é nada que preocupe.
O Renato é um caso à parte. Quando joga de segundo volante, como ontem, seu futebol cresce. Quando aparece como quarto homem de meio-campo, some, se atrapalha. É questão de posicionamento, já que apesar da pouca eficiência, considero importante seu papel no time titular. Parece dar equilíbrio e tranqüilidade à equipe. Vai entender, né?
Nosso “ataque” é que, sinceramente, não tem solução. Ok, Deivid tem feito gols, mas jogando ao lado de R10 e TN7, até Josiel, Dimba e Negreiros seriam artilheiros. Ontem o camisa 9 fez mais um e saiu provocando a torcida rubro-negra, fazendo gestos de “o que vocês estão falando aí?” Isso depois de não ter comemorado diante do Santos, com aquelas mãozinhas ridículas pra cima.
Fico indignada com um cara que tem a chance de vestir a camisa do Flamengo, ganhando 500 mil por mês, e não reconhece as próprias falhas, as limitações. Obina virou ídolo porque sabia que era Obina, não se achava o Romário. Deivid acha que está fazendo um grande favor ao fazer seus golzinhos. Ora, quem está fazendo um imenso favor é a torcida rubro-negra em aturar seus lances bizarros, suas conclusões patéticas, seus passes horrorosos, sua velocidade de cágado. Ai meu São Judas!
A “culpa” de tudo isso é do Luxa. Mesmo com a insistência (ou a falta de opção mesmo) nesses jogadores, nosso técnico tem conseguido dar uma cara ao Flamengo. O time tem atuado de forma lúcida, consistente. O elenco parece focado, ciente dos objetivos.É cedo pra falar em título? Não. Temos elenco e camisa pra isso. Corrigindo defeitos (que atendem pelos nomes citados) e mantendo-se nessa toada, sinto muito, arco-íris: é hepta na cabeça. E é tudo culpa do Vanderlei Luxemburgo.