quarta-feira, 26 de maio de 2010

Carta ao Adriano

A moda agora é escrever cartas ao Adriano, analisando detalhadamente cada pedaço da sua vida profissional e, principalmente pessoal, como se isso fosse possível para qualquer mortal. Bom, se todos podem, também posso, e aqui vai a minha:
"Meu caro Imperador,
Não vou falar aqui do seu futebol. É desnecessário. Você já o mostrou ao mundo inteiro, em diversas oportunidades. Já deu títulos importantes ao maior clube do Brasil e a seleção brasileira. Seu talento é inegável.
Nem vou falar da sua vida pessoal. Ela é pública e notória. Suas farras na favela, seus barracos com a ex/atual namorada, seu envolvimento com traficantes, sua depressão, muito provavelmente causada pela morte prematura do seu pai, de forma violenta. Todos já conhecem os detalhes sórdidos, todos já o julgam por isso e será assim eternamente, mesmo que você se comporte de forma exemplar daqui pra frente.
Quero falar aqui do seu sorriso. Um dos sorrisos mais bonitos do mundo, diga-se de passagem.
Adriano, você é daquelas raras pessoas que, quando sorri, sorri com os olhos. Sua expressão capta todas as atenções e nesse exato momento, o mundo para pra te ver. É como um imã que tem o poder de atrair qualquer olhar que esteja por perto naquele instante.
Pois é este magnífico sorriso que faz falta hoje. Quando você chegou ao Flamengo, há cerca de um ano, você o distribuía sem economizar. Com isso encantou, fez a torcida rubro-negra se apaixonar novamente e instantaneamente por você. E você continuou sorrindo por seis meses, e como que querendo acompanhar toda a energia e positividade que vinha desse sorriso, seu futebol só cresceu, sorriu também.
Este ano, Adriano, não foram as confusões fora de campo e o futebol inferior apresentado por você dentro de campo que te levaram ao momento que você vive agora. Neste ano você simplesmente esqueceu de sorrir. Esqueceu desse poder infinito que você leva dentro de você mesmo, dessa arma que desarma qualquer desafeto, qualquer adversário, seja ele em campo ou na vida.
Por isso, te peço apenas uma coisa nessa sua nova jornada na Itália, nesse seu novo desafio em terras de verdadeiros imperadores: nunca, jamais, em hipótese nenhuma, deixe de sorrir. Só você sabe onde dói cada ferida sua, por mais que a imprensa especule, analise, diagnostique você. E só você sabe também o que cura as suas próprias feridas. Seja o que for, aceito ou não pela imprensa ou pela sociedade, busque sua felicidade onde ela estiver. Mas sempre, por favor, sempre com esse seu sorriso no rosto. Desta maneira, cada vez que você sorrir, vai levar um pouco da alegria que você deu, por muitos momentos, aos milhões de torcedores rubro-negros como eu.
Que Deus te acompanhe. Sempre."

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Raça

Não deu. Não era pra ser. Ou era, e algus detalhes mudaram a história. Aliás, pra mim, um único detalhe: a total incompetência e inutilidade de um jogador chamado Vinícius Pacheco. O jogo de ontem era pra ter sido decidido no último minuto, com um gol heroico, salvador, histórico, nos moldes do gol do tri, marcado pelo Pet naquela final inesquecível com o Vasco.
Eis que exatamente no último minuto, no último ataque, a bola sobra limpa nos pés de quem? Vinícius Pacheco, o símbolo do jogador medíocre, limitado, sem estrela. Fosse nos pés do Pet, do Adriano, do Love, do Juan, do Léo Moura, agora estaríamos comemorando nossa passagem para as semi-finais e assistindo a Copa como um passatempo de luxo.
Mas não, a bola caiu exatamente nos pés de quem não poderia cair e, ao invés de cruzar e 'sejaoquedeusquiser' ou enfiar o bico na bola e furar a rede, o inútil preferiu cair e tentar cavar um pênalti. Que juiz, em sã consciência, daria um pênalti no último minuto, com toda aquela torcida em cima? Ainda que tivesse existido, era capaz de não dar. Mesmo assim, Vinícius Pacheco, o fracasso em pessoa, foi covarde na Hora H e afundou o Flamengo com sua incapacidade.
Sim, caímos de pé. O time entrou ligado desde o primeiro minuto, lutou, jogou com raça. A exceção, como sempre, foi Kléberson, o jogador mais sem-sangue da face da Terra. Não dividiu uma bola, errou todos os passes, não marcou. Já estava com a cabeça na Copa, nem deveria ter entrado em campo. Pet entrou muito bem no segundo tempo, deu mais alma ao time, mais opção de jogadas. Juan e Léo Moura foram sinônimo de entrega. Love errou muito também, mas correu como ninguém. E Adriano calou sim a boca de muita gente. Buscou jogo o tempo todo, correu, marcou, deu o lindo passe de bicicleta para o gol do Love e fez o seu, como prêmio pela sua atuação.
Não vou culpar muito o Bruno pelo gol que tomamos. Estava adiantado? Sim, mas que goleiro não estaria? Saiu do gol esperando um chute frontal e levou por cobertura. Ossos do ofício, mesma frase que uso para definir o papel do Angelim no lance. Na dúvida entre cobrir o atacante que vinha pela ponta direita e marcar o argentininho de La U (que baita jogador!), não fez nem um, nem outro, e deu liberdade para que o golaço acontecesse. É o futebol.
Voltamos do Chile eliminados, mas voltamos de cabeça erguida. E talvez essa eliminação seja mais positiva do que imaginamos. É hora de reformular o elenco, aproveitar a folga da Copa do Mundo para aparar arestas e voltar com tudo em busca do título ou, no mínimo, de uma vaga na Libertadores. Precisamos urgente de um zagueiro de ponta, experiente, confiável, firme, seguro. Ao lado de um zagueiro assim, Angelim já provou que cresce e, entre ele, Álvaro, David e Fabrício, ainda prefiro nosso Magro de Aço.
No meio, não acho que o Flamengo deva renovar com Maldonado. Não é o mesmo depois da contusão e pro seu lugar temos Toró (boa atuação lá no Chile), Willians, Fernando e o jovem Lenon. Desnecessário mantê-lo no elenco.
Com urgência, precisamos de um meia de criação. Michael é talentoso, mas ainda não dá conta do recado. Gostaria de ver o Vágner, talentoso meia-esquerda que jogou no Cruzeiro e hoje está na Rússia, vestindo nossa camisa 10. Isso porque, apesar de ser quem é, não manteria o Imperador. Já nos deu um Brasileiro, mas o custo-benefício é muito arriscado. Love também não deve ser liberado pelo CSKA, portanto precisamos de dois atacantes já. Gosto do Émerson, mas acho que é atacante pra compor elenco. Washington está no mercado e acho que se encaixaria bem no nosso ataque. O sonho? Rafael Sóbis, mas vamos acordar e encarar a realidade: com alguns ajustes temos time pra voltar a Libertadores ano que vem. Quem sabe até lutar pelo hepta. Até porque o espírito de luta renasceu nesse grupo e espero que continue lá, onde é seu lugar.   

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Terremoto

Não há muito o que dizer agora. Não há nada mais a fazer. O Flamengo entra em campo daqui a poucas horas para carimbar seu passaporte para a semi-final da Libertadores da América 2010. Venceremos no Chile. Por 2x0, por 3x1, por 4x2... não interessa o placar. Porque sairemos de lá vencedores, classificados e de alma lavada.
Não se chama um Imperador de gordo. Não se brinca com a mobilidade de Vágner Love. Não publicamente. Não da forma como foi feito. Não se tripudia o Império do Amor com a alcunha de 'Império do Colesterol'. Não se chama Mengão de Mingau. Os chilenos esqueceram-se da sua insignificância futebolística. Nos deram munição, nos deram armas. Agora que aguentem.
Hoje tem terremoto de novo no Chile. Podem apostar! 

terça-feira, 18 de maio de 2010

Esquentando

Não pude assistir a partida contra o Vitória, na estreia da nossa terceira camisa, a ouro-anil. Só vi os gols do empate por 1x1, o que, fora de casa e embaixo d'água, não deixa de ser um bom resultado. Tudo bem que era o time reserva do Vitória e nosso time titular, mas o Barradão virou uma piscina pelas imagens que eu vi. Impossível jogar futebol desse jeito. A ironia é que, desde que o Flamengo contratou o nadador César Cielo, não para de jogar em campos encharcados. No mínimo, curioso.
O Brasileiro ainda está só esquentando e só vai pegar fogo mesmo depois da Copa do Mundo. Nosso foco hoje é a Libertadores e a difícil missão de vencer os chilenos lá em Santiago por dois gols de diferença. Difícil mas não impossível, claro. Já metemos 7x0 lá, mas na época tínhamos Romário. Jogador polêmico, que não gostava de treinar, cheio de privilégios. Alguma semelhança com o nosso Adriano? Todas, claro, menos o mais importante: Romário resolvia! Nessa goleada que citei, fez 4 gols. Destruiu os chilenos. E pro Adriano ainda falta esse poder de decisão, essa coisa de 'chamar a responsabilidade'. Por isso que Romário é ídolo (pra mim, o maior de todos) e tem seu nome na história eterna do Flamengo e da seleção brasileira.
Ouvi uma teoria de que o Adriano não queria estar na Copa, por isso a mudança em seu comportamento após a não-convocação. Adriano tem ido treinar no Flamengo pontualmente, brinca e ri com os companheiros, comemora os gols. Sinceramente, não duvido dessa hipótese. O Imperador vive um romance atribulado com uma mulher estranhamente 'submissa' e todos já ouviram falar do que um 'amor bandido' é capaz de fazer. Se por dar uma volta na favela com os companheiros de time a mulher já fez um escândalo, imagina passar um mês longe de casa, isolado do mundo, vivendo 100% um ambiente de Copa do Mundo. Claro, são rumores, mas não duvido que uma mulher desse tipo possa colocar coisas na cabeça de uma pessoa emocionalmente frágil como o Adriano. Coisas do tipo: "você não precisa da seleção, já está rico, já tem tudo, fica no Flamengo e faz seus golzinhos que a torcida perdoa tudo". Que uma pessoa seja manipulada a esse ponto, eu não duvido. Resta saber até que ponto essa manipulação atinge o desempenho do Imperador dentro de campo.
Voltando ao futebol, que é o que realmente interessa, Rogério parece já ter definido a escalação para o desafio desta quinta-feira: Bruno (perdoado por mais um surto), Léo Moura, David, Angelim e Juan; Toró (barrando o Rômulo), Willians, Kléberson e Michael; Love e Adriano. Maldonado fica, felizmente, de fora. Precisa recuperar a forma e, com contrato acabando, talvez seja a melhor solução para o Flamengo: típica má fase que vem em boa hora para o clube. Não gosto do futebol do Toró, mas é o que temos hoje para tentar reverter o quadro ridículo que nosso meio-campo apresentou na última partida pela Libertadores. E espero grandes atuações dos nossos laterais, do Michael e da nossa dupla de frente. Só assim poderíamos começar a construir nossa tão sonhada classificação.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Holofote

A derrota de ontem para La U em pleno Maracanã colocou um holofote sobre os defeitos do time rubro-negro. Nada mais que isso. Deficiências que vinham sido compensadas até aqui ficaram altamente expostas na partida em que o Flamengo perdeu por 3x2, mas que poderia ter acabado, por incrível que pareça, com o placar de 5x2 pra eles, ou 5x3 pra gente.
Acabaram-se os créditos do David. O zagueiro abusou ontem do direito de errar. Fez sua pior partida com a camisa rubro-negra, do mesmo nível de sua atuação no primeiro tempo contra o Corinthians no Pacaembu. Afundou a defesa rubro-negra. Angelim, pra mim, é o zagueiro-espelho. Se seu companheiro de zaga atua bem, ele cresce; se atua mal, ele naufraga. É só lembrar de suas excelentes atuações ao lado de Fábio Luciano e até mesmo ao lado do Álvaro, assim que o veterano compôs a zaga do Fla. Como este ano Álvaro não manteve o nível de 2009, Angelim o acompanhou. Chegou a esquentar o banco pro Fabrício que, infelizmente, também não tem futebol pra ser titular.
Saldo de ontem: o Flamengo precisa urgente de um zagueiro de alto nível. Juan, cria da Gávea, titular da seleção e do Roma, seria um sonho, mas se encaixaria perfeitamente e ajudaria Angelim a recuperar seu (bom) futebol. Pra completar, Rômulo sentiu a pressão e errou ridiculamente no início da partida de ontem. Mais uma vez, entra o holofote e expõe sua falta de experiência e imaturidade. Jogar em time pequeno é uma coisa. Ser titular do Flamengo é bem diferente.
Outra 'luz' foi a atual forma do Maldonado. O chileno, que foi a mola propulsora do campeão brasileiro de 2009, nunca mais foi o mesmo após a contusão e os 4 meses sem jogar. A não convocação para a Copa parece ter abalado o jogador mais do que se esperava. Maldonado ontem perdeu todas as divididas e, enquanto esteve em campo, passou o tempo todo correndo atrás dos apoiadores chilenos, sem conseguir pará-los.
Com os holofotes apontados para o time da Gávea, ficou fácil perceber que nossa zaga é fraca e nossos volantes (com exceção do Willians) não estão bem. Atuando todos juntos e mal, deu no que deu: time perdendo de 2x0 logo no início da partida, em pleno Maracanã, e correndo sério risco de ser goleado. Bruno sofreu falta sim no lance do segundo gol chileno, assim como a zaga parou e não acompanhou o ataque adversário. A mesma situação aconteceu no terceiro gol sofrido: zaga parada, olhando La U jogar.
Aliás, Bruno ontem foi um capítulo à parte. Se tivesse ficado calado, talvez escapasse ileso da derrota. Mas fez questão de soltar mais uma de suas 'pérolas': "Estou me lixando pra torcida", após ser xingado e ouvir o coro de "Júlio César" no Maracanã. Após mandar beijinhos para a torcida, após achar normal espancar mulheres, após fazer cera com o time perdendo, após tomar inúmeros gols de falta defensáveis, após organizar orgias em seu sítio com companheiros de time, ainda assim quer ser visto como ídolo e 'selecionável'. O ego do Bruno merece um post inteiro, de tão grande que é. Parafraseando Romário, "calado é um poeta". Um dia, quem sabe, perco mais o meu tempo falando dele.
Pra mim, o técnico Rogério ontem foi corajoso ao tirar Rômulo, Maldonado e Kléberson e colocar Michael, Pet e Dênis Marques, apesar desse último nem ser digno de nota. Não acho que ele tenha escalado mal. Como já falei aqui, ele não iria adivinhar que a zaga tiraria a noite pra mostrar toda sua deficiência. Kléberson é aquilo mesmo: tem toque refinado, visão de jogo, mas seu futebol vem em conta-gotas. Numa dessas, meteu a bola na cabeça do Adriano: gol. Michael entrou bem sim, deu mais movimentação ao meio, mas a marcação chilena era implacável. O técnico deles, aliás, prendeu Juan e Léo Moura e praticamente matou nossas principais jogadas. Pelo meio, era impossível furar a defesa. O gol do Juan no final foi um 'achado' e uma recompensa por sua raça e vontade, e sim, colocou o Flamengo ainda na briga.
Sinceramente, acredito que o que tinha que dar errado já deu ontem: zaga bizarra, meio inerte, ataque inoperante. Os gols 'feitos' perdidos por Adriano e Love não acontecem todo dia, ainda bem. Pior que ontem, não tem como ficar. Por isso que acredito numa virada no jogo de volta. E, convenhamos, 2x0 nos chilenos não é nenhum absurdo. É perfeitamente possível e provável. E quando se trata de Flamengo, tudo pode acontecer: do céu ao inferno em dois jogos. Neste caso: do inferno ao céu, espero.   

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Deuses

Sempre defendi a tese dos 'deuses do futebol'. Pra mim, é como se houvesse um tipo de 'patrulha superior' que controla os resultados e atuações no futebol, evitando assim que as coisas desandem e jogadores virem semi-deuses. Pelé e Maradona já são e esse último mais pelo fanatismo argentino do que pelo futebol que jogou. Foi craque sim, mas menos decisivo, eficiente e genial que Pelé, pelo menos nas imagens de arquivos que pude acompanhar.
Pra mim, por exemplo, foram os 'deuses do futebol' que fizeram Romário perder um gol de dentro da pequena área, sem goleiro, diante da Itália, na final da Copa de 94. Se tivesse feito, Romário sairia dali acima do bem e do mal. Os 'deuses' quiseram uma decisão nos pênaltis, com a glória dividida entre o Baixinho, Taffarel e até o então criticado Dunga (a imagem dele comemorando ao converter o pênalti é emblemática).
Ano passado, no último jogo do Fla no Brasileirão, diante do Grêmio, quiseram os 'deuses' que os gols do sexto título brasileiro viessem das cabeças dos nossos dois zagueiros. Adriano desperdiçou várias chances ao longo da partida. Eu estava no Maracanã e lembro de, ao ver Angelim marcar o gol do título, gritar: "Tinha que ser ele!". Sim, o cara humilde, sofrido, batalhador, criticado, que quase perdeu a perna numa contusão no início da competição. Obra dos 'deuses'.
Tivesse Adriano marcado nessa partida, principalmente num lance quase no final, quando o jogo estava praticamente decidido, acredito que ele teria se tornado um 'semi-deus rubro-negro', ao lado de Júnior e Zico, por exemplo. A decepção com suas atitudes dentro e fora de campo, hoje, seria muito maior. E talvez suas próprias atitudes dentro e fora de campo extrapolassem todos os limites.
É defendendo essa tese de 'deuses do futebol' que acho que Adriano entra hoje em campo pelo Flamengo nas quartas-de-final da Libertadores, diante da Universidade do Chile, pra 'jogar pro gasto'. Não espero uma atuação brilhante, não espero uma chuva de gols. Seu ego não está preparado pra tudo isso. Ele simplesmente não tem estrutura emocional e os tais 'deuses' sabem disso. Pode até marcar um ou dois, mas não vamos ver uma atuação digna de Imperador. Infelizmente, parece que seu destino do Flamengo é, no máximo, dividir os louros da vitória, como fez ano passado com o Pet e como, tomara, fará esse ano com Vágner Love. Sábios 'deuses'.
Pra hoje, Rogério escalou Kléberson como titular e gostei da decisão. Ele vem embalado, feliz com a convocação, e voltou a mostrar bom futebol. Se acertar as finalizações, corre o risco de ir pra Copa consagrado (e perdoado) pela torcida rubro-negra. O risco com Kléberson é o mesmo de sempre: ele tirar o pé nas divididas para não se contundir. Hoje veremos se ele mostra alma rubro-negra ou se joga burocraticamente. Por outro lado, Maldonado, injustamente não convocado pelo técnico chileno, tanto pode apresentar um belo futebol para provar seu valor, quanto pode sentir o baque e refletir isso em campo. Pros dois jogadores, aposto nas primeiras opções.
Daqui menos de duas horas, começa-se a definir um semi-finalista de Libertadores. Provavelmente adversário do mexicano Chivas, que já meteu 3x0 e agora só espera o jogo de volta pra comemorar. Não tem caminho fácil, não tem adversário mole, é Libertadores, é guerra, é luta, é alma, é suor. Não é por nada não, mas é a cara do Flamengo!    

terça-feira, 11 de maio de 2010

Convocação

O blog é rubro-negro, mas seleção em ano de Copa não dá pra não comentar. Dunga convocou hoje os 23 jogadores que vão representar o Brasil na África do Sul daqui um mês. No gol, deixa Victor, do Grêmio, e leva Doni, reserva da Roma. Dizem que é porque a filha dele namora o goleiro. Se isso procede ou não, os equívocos começam aí. Victor foi eleito o melhor goleiro do Brasil nos últimos dois Brasileirões e mantém uma regularidade bem acima da média. Sua juventude seria uma 'garantia' pro Brasil em próximas Copas. Seria, mas Dunga não pensa assim. Júlio César e Gomes já eram nomes certos e estarão lá.
Nas laterais e na zaga, nenhuma novidade: os indiscutíveis Juan, Lúcio, Luisão, Thiago Silva, Maicon e Dani Alves, além de Gilberto e Michel Bastos, ex-laterais e agora meias, revelando nosso problema crônico na ala esquerda. O meio, recheado de volantes, traz Kaká (óbvio), Júlio Baptista (em baixa, mas útil), Elano (não gosto do seu futebol), Josué (lamentável), Gilberto Silva (experiência e falta de opções nesse nível), Felipe Melo (também em baixa, mas com potencial), Ramires (bom reserva) e o rubro-negro Kléberson, a fênix que renasceu nos últimos dois jogos e carimbou o passaporte com garra e vontade de mostrar serviço.
Coisas que faltaram a Adriano, além de vergonha na cara e profissionalismo. Está fora da Copa e, provavelmente, do Flamengo. A não ser que arrebente na reta final da Libertadores e faça a torcida esquecer tantas atitudes desastrosas do seu Imperador. No seu lugar, Dunga leva Grafite, outro 'renascido' que soube aproveitar as (poucas) oportunidades que teve. Os já garantidos Luís Fabiano, Robinho e Nilmar completam a lista.
Faltou talento? Sim, muito. Faltou Ronaldinho Gaúcho, faltou Neymar, faltou Ganso, faltou Pato. Dunga, segundo suas próprias palavras, usou a razão e não a emoção. No caso de Pato e Gaúcho, o futebol apresentado nos últimos meses não foi suficiente para garantir a convocação. Coerência do treinador, que também apareceu no critério adotado com as estrelas santistas: há dois meses, ninguém falava deles. São craques sim, mas analisando friamente, Copa não é laboratório. Só acho que pelo menos um desses quatro nomes deveria estar lá, no lugar de Josué ou Elano.
Não aposto no Brasil nesse Mundial. Pode ser que a seleção contrarie as previsões mais uma vez e volte com o hexa, como fez em 2002 e, principalmente, em 94. Mas vejo seleções muito mais embaladas e potencialmente vencedoras, como Argentina e Espanha. Os 'hermanos' tem Messi, louco para provar que é o melhor do mundo 'também' com a camisa argentina. E a Espanha tem, a meu ver, o melhor conjunto, e o talento de Fábregas e Fernando Torres. Se Cristiano Ronaldo resolver deixar o ego em casa e levar só o futebol, Portugal também pode surpreender, assim como a Inglaterra de Rooney.
Essas e outras questões só começaremos a desvendar daqui um mês. Agora, é hora de se concentrar nas quartas-de-final da Libertadores, que começam amanhã. Mengão entra em campo às 19h30, no Maraca lotado, diante da sua 'pedra no sapato', a Universidade do Chile. Ótima oportunidade pra chutar a pedra pra bem longe, vencer por um placar seguro (no mínimo 2x0) e aguardar a Copa já com a classificação às semi assegurada. Avante Mengão!

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Estreia

Estreia em casa no Brasileirão, no meio de uma decisão de Libertadores, diante do time reserva do São Paulo. Nada mais normal do que colocar os reservas em campo também. Foi o que o técnico Rogério fez, com exceção de Bruno, David, Angelim e Juan. Este último jogou bem, mas gostaria de ver o Rodrigo Alvim em campo outras vezes. Quando entrou, não decepcionou, e chegou até a marcar gol na Libertadores. Mas Juan, talvez ainda pensando na Copa, não dá espaço para o reserva. Gosto do Juan. Não acerta sempre, mas tem muita raça. A camisa rubro-negra sempre lhe caiu bem.
Éverton Silva entrou no lugar de Léo Moura e nos lembrou que precisamos de um bom lateral para este Brasileiro. Se o Léo se machuca, Éverton não tem bola para substituí-lo. Fato. David mais uma vez jogou muito, inclusive salvando uma bola em cima da linha no último minuto. Pra mim, já barrou o Álvaro faz tempo. O veterano, definitivamente, não vem tendo boas atuações como as do ano passado.
Rogério optou também por congestionar o meio-campo rubro-negro de volantes. Eram 4 de uma vez só: Rômulo, Toró, Fernando e Kléberson. O 'penta' esbanjou categoria e visão de jogo, mas é inconcebível que um jogador desse nível não saiba finalizar. O Flamengo poderia ter saído com os 3 pontos se Kléberson convertesse uma de suas várias chances de gol.
Pet jogou bem, deu movimentação à equipe, fez boas jogadas, deu bons passes. A impressão que tenho é que o melhor está por vir. Ele não vem tendo sorte e a sorte parece estar 'guardada' para a hora certa. Torço para que ele renove com o Mengão e brilhe novamente na Libertadores e no Brasileiro. Tem história com a nossa camisa e os 'deuses do futebol' costumam gostar disso. Já Dênis Marques, apesar de mostrar muita vontade e de ter deixado seu golzinho, nos preocupa como opção de ataque. Pra ser reserva de Adriano e Vágner Love é necessário um pouco mais de intimidade com a bola.
Michael entrou muito bem, deu um passe magistral pro gol e incendiou o time. Tem que ser titular contra La U. No geral, o mistão foi até bem e poderia ter saído com a vitória. Mas o empate em 1x1 serviu pra deixar o clima ameno na Gávea. Ah, e Fierro e Vinícius Pacheco entraram no segundo tempo. Alguém viu? Claro que não. Dois pesos mortos: não brigam pela bola, não acertam seus passes, não produzem absolutamente nada. Podiam integrar a barca e 'reforçar' outros clubes no Brasileiro. No Mengão não dá mais. 
A expectativa agora é pela quarta-feira. Previsão de Maraca lotado, seleção já convocada (é amanhã), Adriano em campo com a cabeça definitivamente resolvida em termos de seleção (afinal, sua convocação é por conta e risco do Dunga), portanto: é partir pra cima deles e atropelar. Sem dó, nem piedade. 

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Nas Quartas

Não atualizar o blog no dia seguinte ao jogo permite que se faça uma análise um pouco mais fria e precisa do jogão de quarta-feira. Jogo que garantiu a passagem do Flamengo para as quartas da Libertadores e, o mais importante, colocou o rubro-negro como candidato ao título. Não, antes não colocava muita fé que o Flamengo pudesse ser campeão. Mas depois de quarta, o espírito rubro-negro se agigantou, da mesma forma que aconteceu na reta final do Brasileirão. Realmente, tal como eu previ meio sem querer, a camisa rubro-negra finalmente entrou em campo na Libertadores.
O primeiro tempo do Fla foi absurdamente passivo. O Corinthians atacava, pois essa era sua obrigação, e o Flamengo se defendia meio no susto. Não acho que Rogério tenha errado na escalação. Seu pensamento de utilizar a velocidade de Vinícius Pacheco para contra-atacar as investidas do Timão estava, na teoria, correto. Mas na prática, como ele iria imaginar que Vinícius Pacheco iria fugir do jogo, se esconder, correr pra bem longe da bola? Pra mim acabou, esse provou que, como tantos, não aguenta o peso da 'armadura' rubro-negra.
David fez um gol contra e não marcou Ronaldo no segundo gol. Falhas sim, mas diante do que esse menino jogou no primeiro jogo, quando comandou a defesa, apesar da pouca idade, e anulou totalmente o Fenômeno, e diante de sua presença e do seu gol decisivo no 'jogo do hexa', essa foi apenas uma atuação pra se esquecer. David tem crédito.
Já Rogério surpreendeu mesmo ao substituir o inoperante Vinícius Pacheco por Kléberson no segundo tempo. O 'penta' entrou querendo carimbar o passaporte para a Copa e parece que conseguiu. Deu opção de jogadas ao meio-campo, abriu espaços, chamou o jogo pra si, enfim, tudo que se espera de um jogador que tem a chance de vestir a camisa do Flamengo num jogo decisivo. Como sempre, errou mais do que acertou, mas o passe para o gol de Vágner Love, logo do início do segundo tempo, fez com que ele saísse de campo com a missão cumprida.
Love é outro capítulo à parte. Mesmo mal tecnicamente em alguns momentos, ele não desiste: corre, briga, luta o tempo todo. É rubro-negro e sabe o que isso significa. Todos os esforços da diretoria do Flamengo a partir de agora deveriam se voltar para a tentativa de comprar seu passe junto ao CSKA. Vale o investimento e o retorno já está sendo dado.
No mais, o time parece vir crescendo de produção, ainda que lentamente. A entrada de Rômulo como primeiro volante deu a Léo Moura e Juan a liberdade que eles tanto precisam, já que o talento de ambos para a marcação não é muito proeminente. Angelim voltou a passar segurança e a raça de sempre e Williams parece ter voltado à velha fama de 'ladrão de bolas'. Maldonado ainda não está 100%, mas é questão de tempo. Falta encaixar um meia de ligação (provavelmente Michael) e esperar que o Imperador volte a marcar, já que essa é sua única e exclusiva função. Ou seja, falta muito pouco mesmo para que o time volte a alcançar a consistência e a objetividade do fim de 2009.
Agora, teremos a chance de revanche diante da Universidad do Chile nas quartas. Antes, o Fla estreia no Brasileirão. Pra mim, poderíamos poupar o time todo para essa primeira partida no Brasileiro e nos concentrar única e exclusivamente em golear a La U no Maracanã, e assim praticamente garantir nossa presença nas semi-finais. Depois sim, entrar em campo no campeonato nacional e tentar manter o título. Hoje sim, o Flamengo tem time e futebol pra isso. Camisa sempre teve.     

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Decisão

Não há mais muito o que escrever agora. Daqui alguns minutos Flamengo e Corinthians entram em campo para decidir quem passa às quartas-de-final da Libertadores 2010. Na verdade, este é o Fla x Timão mais importante da história. Nunca o confronto assumiu tantas facetas, tanta responsabilidade dos dois lados, tanta magia e mística como hoje.
É o centenário do Corinthians. A Libertadores é a obsessão do clube há muitos anos. Desde que seus três rivais paulistas guardaram seus trófeus continentais em suas prateleiras, o corintiano não pensa em outra coisa. O clube saiu da segunda divisão em 2008 direto para a conquista da Copa do Brasil no ano seguinte, com direito à contratação de Ronaldo Fenômeno, numa manobra de marketing que derrubou as intenções do Fla em contar com o 'rubro-negro desde criancinha'.
O 'episódio' Ronaldo acirrou a rivalidade entre os dois clubes, muitas vezes disfarçada de irmandade: ambos tem grandes torcidas, dominam as faixas mais populares dos torcedores, que estão espalhados Brasil afora. O Flamengo continua na frente em número de torcedores, e assim deve permanecer nas próximas décadas. O domínio rubro-negro é muito maior entre os jovens e nas regiões mais afastadas do Sudeste. A vontade da torcida do Corinthians em ultrapassar a do Fla só aumenta a 'briga', que hoje chega ao seu ápice nessas tantas décadas de história.
Hoje, um grande clube brasileiro fica fora da Libertadores. Hoje, uma grande torcida vai chorar. Em um Pacaembu lotado, entra em campo hoje o Flamengo de Adriano, Vágner Love, Bruno, Juan, Léo Moura. Jogadores contestados fora de campo, às vezes dentro dele. Mas não esqueçamos o mais importante: hoje entra em campo a camisa rubro-negra. E isso já basta.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Técnicos

O técnico Rogério acabou confirmando Vinícius Pacheco no time titular para o confronto de quarta, diante do Corinthians. É até natural, já que o Flamengo só precisa do empate. A entrada de Pet significaria uma pouco mais de ofensividade, mas o seguro morreu de velho e Rogério não quer desperdiçar a chance de classificar o time para as quartas-de-final da Libertadores como 'técnico interino'.
Acredito que a diretoria do Flamengo está esperando a liberação de alguns técnicos que estão no exterior para decidir 'o que fazer com Rogério'. O problema vai ser se nosso ex-zagueiro classificar (bem) o Fla na quarta. Um bom problema, aliás, já que a presidente garantiu que até domingo, na estreia do Brasileirão, Rogério é o técnico.
Apesar de parecer uma situação 'empurrando com a barriga', enxergo sabedoria na decisão. Caso o Fla seja desclassificado, abre-se o balcão de anúncios e nomes vão fervilhar na Gávea. Normal. Caso siga adiante, Rogério vai até onde der. Foi assim com Andrade ano passado no Brasileirão e pode ser que dê certo novamente.
Antes um ex-jogador, que conhece o Flamengo e já trabalha lá há anos, do que um Abel Braga ou um Celso Roth. Este último foi praticamente descartado com a saída do Marcos Braz (ufa), mas Abel ainda é cogitado, pro azar da nação. Abel não combina com Flamengo. Aliás, combina com o vice da Copa do Brasil diante do Santo André. Ou seja: nunca mais!  
Na verdade, adoraria ver o Leonardo no Flamengo. Não sei se como técnico, já que sua experiência no Milan, meio que de improviso, não foi das melhores. Leonardo seria um excelente gerente de futebol para o clube, não tenho a menor dúvida. Com ele fazendo a ponte entre diretoria, comissão técnica e jogadores, acho até que Rogério Lourenço poderia ser tranquilamente mantido no cargo, já que a hierarquia 'de peso' acabaria refletindo no campo.
Mas antes de quarta-feira, nada se decidirá. Até lá, nos resta contas as horas pro jogão e torcer para que nossos 'craques' mantenham a cabeça no lugar. Se Adriano e Vágner Love jogarem 70% do que sabem, dá Flamengo. Se a camisa rubro-negra fizer a sua parte então... aí não tem pra ninguém! 

sábado, 1 de maio de 2010

Sumiço

Adriano sumiu. Não apareceu pra treinar. Quem deu as caras hoje na Gávea foi o Jorginho, nosso ex-lateral tetra brasileiro em 87 e hoje auxiliar do Dunga. Resumo da ópera: Adriano na Copa 2010 só em frente ao sofá, do jeito que ele tava pedindo há tempos.
Acabou de sair uma nota da assessoria de imprensa rubro-negra que nosso camisa 10 está com problemas graves com a mãe. Espero que a digníssima senhora tenha passado o sábado inteiro dando uma surra no moleque, o que justificaria plenamente o fato do jogador ficar 'incomunicável' durante um dia inteiro.
Adriano é craque, nos deu um hexa, foi artilheiro do Brasileirão, coisa que o Flamengo não tinha há muito tempo, mas poxa vida! Custa colaborar? A imprensa inteira já pega no pé do cara, investiga cada detalhe da vida dele. O mínimo que ele devia fazer, às vésperas de uma decisão na Libertadores (não é um carioquinha qualquer), era comparecer ao clube, treinar direitinho, como qualquer outro mortal.
Temo que Adriano sofra de graves problemas psicológicos. Não se ajusta às regras da sociedade onde vive. Um bom psiquiatra, uma boa terapia o ajudaria e muito. Não necessariamente no seu desempenho em campo ou nos treinos, mas essencialmente na sua vida pessoal. Adriano não consegue separar as duas coisas e isso prejudica os dois lados.
Ou é só o Adriano que tem problemas familiares, problemas com a mulher? Todos os jogadores do nosso elenco devem viver às voltas com esse tipo de problema também, mas são maduros o suficiente para separar as coisas. Adriano não tem essa maturidade. Parece faltar uma peça, algo do tipo. Desde que perdeu o pai de forma violenta, nunca mais se ajustou.
Pessoalmente, dói ver uma pessoa sofrer assim e não conseguir sair de um buraco que parece não ter fim. Mas profissionalmente, é impossível que o Flamengo dependa de um jogador tão instável e inconstante. Quarta-feira, treinando ou não, quero vê-lo em campo, porque confio no seu futebol e, convenhamos, não temos peças de reposição à sua altura. Mas terminado o seu contrato, espero que nossa presidente Patrícia Amorim nos presenteie com um atacante de ponta e deixe Adriano seguir o seu caminho. Brigar para ficar com ele por mais um ano, por exemplo, não vale a pena. E boa sorte para o nosso Imperador. Em tudo.