quarta-feira, 26 de maio de 2010

Carta ao Adriano

A moda agora é escrever cartas ao Adriano, analisando detalhadamente cada pedaço da sua vida profissional e, principalmente pessoal, como se isso fosse possível para qualquer mortal. Bom, se todos podem, também posso, e aqui vai a minha:
"Meu caro Imperador,
Não vou falar aqui do seu futebol. É desnecessário. Você já o mostrou ao mundo inteiro, em diversas oportunidades. Já deu títulos importantes ao maior clube do Brasil e a seleção brasileira. Seu talento é inegável.
Nem vou falar da sua vida pessoal. Ela é pública e notória. Suas farras na favela, seus barracos com a ex/atual namorada, seu envolvimento com traficantes, sua depressão, muito provavelmente causada pela morte prematura do seu pai, de forma violenta. Todos já conhecem os detalhes sórdidos, todos já o julgam por isso e será assim eternamente, mesmo que você se comporte de forma exemplar daqui pra frente.
Quero falar aqui do seu sorriso. Um dos sorrisos mais bonitos do mundo, diga-se de passagem.
Adriano, você é daquelas raras pessoas que, quando sorri, sorri com os olhos. Sua expressão capta todas as atenções e nesse exato momento, o mundo para pra te ver. É como um imã que tem o poder de atrair qualquer olhar que esteja por perto naquele instante.
Pois é este magnífico sorriso que faz falta hoje. Quando você chegou ao Flamengo, há cerca de um ano, você o distribuía sem economizar. Com isso encantou, fez a torcida rubro-negra se apaixonar novamente e instantaneamente por você. E você continuou sorrindo por seis meses, e como que querendo acompanhar toda a energia e positividade que vinha desse sorriso, seu futebol só cresceu, sorriu também.
Este ano, Adriano, não foram as confusões fora de campo e o futebol inferior apresentado por você dentro de campo que te levaram ao momento que você vive agora. Neste ano você simplesmente esqueceu de sorrir. Esqueceu desse poder infinito que você leva dentro de você mesmo, dessa arma que desarma qualquer desafeto, qualquer adversário, seja ele em campo ou na vida.
Por isso, te peço apenas uma coisa nessa sua nova jornada na Itália, nesse seu novo desafio em terras de verdadeiros imperadores: nunca, jamais, em hipótese nenhuma, deixe de sorrir. Só você sabe onde dói cada ferida sua, por mais que a imprensa especule, analise, diagnostique você. E só você sabe também o que cura as suas próprias feridas. Seja o que for, aceito ou não pela imprensa ou pela sociedade, busque sua felicidade onde ela estiver. Mas sempre, por favor, sempre com esse seu sorriso no rosto. Desta maneira, cada vez que você sorrir, vai levar um pouco da alegria que você deu, por muitos momentos, aos milhões de torcedores rubro-negros como eu.
Que Deus te acompanhe. Sempre."

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